Ambientes virtuais de aprendizagem são usados na capacitação de professores de música.

Música, som, dinâmica. Você consegue pensar em lições musicais conduzidas através de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)? Pode até soar estranho, principalmente se levarmos em conta as três primeiras palavras deste texto, mas o projeto de pesquisa "Capacitação em música com o uso das tecnologias", de Gabriella Oliveira - um dos finalistas do prêmio Instituto Claro - Novas Formas de Aprender na modalidade pesquisa / pós-graduação -, sugere adaptações metodológicas e a integração com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) neste trabalho.

A especialização de Gabriella em Tecnologias Interativas Aplicadas à Educação, pela PUC-SP, fez com que a pesquisadora, com formação em Música (piano), tivesse interesse em conciliar as duas áreas de conhecimento. Os seus principais objetivos são dois: capacitar educadores para atuarem na pré-escola ensinando conteúdos musicais a crianças e mostrar como o AVA pode ajudar no processo de formação desses educadores. Para isso, ela conta com a colaboração de pessoas de outras áreas, como o engenheiro de sistemas Alan Cardoso, criador do AVAMusical - um ambiente virtual customizado para o ensino de conteúdos musicais e com o qual Gabriella trabalha em sua pesquisa, que é baseada no método "Iniciação e sensibilização musical", da educadora Enny Parejo. a pesquisa começou em meados de 2009 e deve se encerrar em junho deste ano.

Assim como no Moodle, O AVAMusical permite a realização de fóruns, batepapos, videoconferências e atividades específicas online. "O curso de capacitação que eu dou, com duração de dez meses, e que faz parte da minha pesquisa, é semi-presencial. Na parte online, trabalho principalmente a teoria, em cima de textos, por exemplo. Já nos encontros - que são quinzenais, em Guarulhos -, trabalhamos o lado mais lúdico. Ensino métodos à turma através de jogos, brincadeiras de roda, danças e um suporte musical através da flauta doce", conta Gabriella. Esta primeira turma possui quatro participantes - duas professoras e duas pedagogas: "Um dos pré-requisitos para a participação era não ter tido contato muito próximo com a música em formações anteriores. Assim, avaliamos melhor a eficiência desses métodos no aprendizado musical".

O grande gancho da pesquisa de Gabriella é a Lei nº 11.769 de 2008, que tornou o ensino de conteúdos musicais obrigatório no currículo das escolas brasileiras. A falta de profissionais preparados num mercado cuja demanda aumentará, no mínimo, até 2011 (prazo para as escolas se adaptarem), torna necessários cursos com esse viés. "Não há muitos trabalhos na área. Inclusive, tenho dificuldades para encontrar material de pesquisa. O ideal seria expandir esse curso para todo o Brasil, porque há carência, principalmente nos estados do Norte e Nordeste", diz Gabriella. Ela tem ainda como proposta criar um curso completamente baseado no ensino a distância para capacitar educadores que não podem frequentar modalidades presenciais. Mas isso não refletiria no fim de todas as atividades presenciais. "O objetivo para o futuro é abrir possibilidades para que quem não pode participar dos encontros não deixe de fazer essa especialização. Não acho que chegaria ao ponto em que ninguém participaria da parte presencial, mesmo porque ela é a mais divertida", brinca.

Gabriella aponta sua pós-graduação na PUC como uma grande possibilitadora desse estudo, "porque é dali que eu retiro suporte tecnológico para trabalhar com ferramentas da web 2.0. Além disso, tenho buscado me interar sobre EAD já que me envolvi num trabalho que é muito novo". Uma grande dificuldade apontada pela pesquisadora é fazer com que os alunos interajam e participem de todas as atividades propostas, ou seja, verificar se o processo de aprendizagem e interação, principalmente na plataforma online, está ocorrendo. "Apesar de a turma ser pequena, os resultados são bons. Vejo que o curso está ajudando na capacitação do alunos, mas a dinâmica numa turma maior - o que a EAD permite - seria bem melhor", conclui Gabriella, que pensa na extensão e ampliação de sua pesquisa em um mestrado, trazendo, também, formações mais abrangentes e complexas do que as conquistadas nos dois módulos deste curso.

por Carlos Giffoni