Fanfarras: por que o melhor do Brasil é o “brasileiro”?

Montar uma fanfarra hoje está bem mais fácil que há alguns anos. Porém, existem dois lados dessa cultura: um super positivo, que é o das Secretarias de Educação, Prefeituras e diretores de escolas entenderem que fanfarra é uma forma de auxílio à educação e, conseqüentemente, à inclusão social; e o outro, não tão saudável, é a entrada das indústrias estrangeiras no mercado musical brasileiro, as quais, com seus instrumentos de baixo custo e má qualidade, além de comprometer a sonoridade, gera gastos desnecessários com manutenção, contribuindo consideravelmente para o aumento da taxa de desemprego em terras brasileiras. Sendo assim, regentes e educadores têm que se desdobrar para não cometerem “erros” na aquisição dos instrumentos. Neste caso, o importante é saber materialmente excluir, para que se possa verdadeiramente incluir.
Hoje em dia, instituições de ensino enxergam a fanfarra como um dos melhores meios de integração para crianças e jovens adolescentes. Isso é o que se pode ver em vários projetos existentes em nosso Brasil. Como exemplo, temos as prefeituras de Taubaté, Atibaia e Bragança Paulista, que, juntas, somam mais de 70 corporações musicais, entre bandas, fanfarras e orquestras. Então, não há como negar. É fato. A fanfarra é uma opção excelente de convívio, educação e lazer, na qual os participantes executam trabalho em equipe, sempre com disciplina.
Organizar uma fanfarra não é tão difícil como se imagina. Com algumas orientações de profissionais especializados, toda escola, município ou qualquer entidade poderá criar a sua, o que, por sua vez, proporcionará um incentivo para o aprendizado mais profundo da música, e, ainda, a possível descoberta de muitos talentos. Importante salientar que tal ação é comprovante de visibilidade administrativa, pois, além de resgatar a cultura, promove o dever cívico.
Para se obter um resultado satisfatório com uma fanfarra, é necessário empenho de alunos e diretores de escola, e ter, sempre em mãos, instrumentos de qualidade. Porém, com a entrada de instrumentos musicais do mercado estrangeiro em nosso país, principalmente os do mercado Asiático, o perigo musical e social já se faz presente. Por isso, deve-se prestar muita atenção quando da aquisição desses instrumentos, para o resultado não fique aquém do esperado, por conta de produtos impróprios e inadequados.
O mercado chinês é um forte concorrente do Brasil nesse segmento, pois fornece instrumentos musicais a preços baixos (isto em relação a outros países do mundo), o que é resultado da sua mão-de-obra barata. Esses instrumentos normalmente apresentam problemas de afinação, acabamentos (que são de baixa qualidade) e dificuldades de assistência técnica.
Segundo a ANAFIM (Associação Nacional dos Pequenos e Médios Fabricantes de Instrumentos Musicais), o Brasil quer fazer o caminho inverso e atender mercados com grande potencial para os instrumentos brasileiros, tais como China e Japão. A China consumiu, em 2004 e 2005, US$ 2,3 bilhões de instrumentos musicais, e 10% da sua população já tem um forte poder de compra, e querem produtos de qualidade, tais como os que são fabricados no Brasil. Como a China atende a uma qualidade mais baixa, o chinês que procura alta qualidade acaba por importar.
Para que exista um crescimento do mercado musical das fanfarras no Brasil, os regentes e profissionais da Educação, portanto, devem se policiar durante a aquisição dos instrumentos musicais, para que Cultura e Economia estejam em perfeito equilíbrio. Afinal, nem só de arte vive o homem, mas dos “empregos” que a mantém viva e necessária.